Dia internacional das mulheres e meninas na ciência

Me emocionei em saber que hoje é considerado o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência e que, segundo a Siri me informou antes das 8 da manhã, apenas 28% dos cientistas são mulheres.

Não é uma surpresa, mas dói. E era esperado que doesse mesmo. Se você acha esse número normal, vamos pensar mais uma vez... Chutando que metade do mundo seja mulher, pq será que não são cientistas?

Agora vamos aprofundar a provocação: quantas professoras mulheres você teve no ensino infantil (a famosa "escolinha")? Talvez todas. Quantas professoras mulheres você teve no ensino fundamental (ainda um ensino generalista, ou seja, sem "especialidade" - apesar de alfabetização ser uma baita especialidade difícil, mas é outro tópico)? Provavelmente muitas mulheres. E no fundamental dois / ensino médio, que o ensino passa a ser mais especializado por matéria, quantas professoras mulheres? O número diminui, né?! Aqui você já deve imaginar onde estou querendo chegar. Na sala dos professores da universidade, meu local de trabalho, a maioria é homem. Não coincidentemente, os professores universitários são os mais especializados e tendem também a ter as maiores remunerações, dentro da escala docente. Lá também estão os/as cientistas, pessoas que produzem ou produziram pesquisas, mestrados, doutorados, pós-doc.

Então eu pergunto: cadê as mulheres na ciência e na docência do ensino superios, se somos maioria nos níveis elementares da educação?

Hoje eu passei o dia com a cara enfiada no doutorado (que trata de gênero, imagens e pesquisa em redes sociais, depois eu conto mais sobre isso), fiz algumas pausas para levar o filho no dentista, depois almoço com o moleque, reunião de professores e só. Vou deixar essa informação aqui, como um tempero na reflexão que estou fazendo. E repito: por que apenas 28% das cientistas são mulheres? Por que somos maioria na docência elementar mas minoria na docência superior e pós-graduação?

Até o argumento mais raso, de que "educação e cuidado é coisa de mulher" (me dá urticária escrever isso, mesmo com a ironia evidente), não se sustenta quando olhamos para esses dados que eu coloquei aqui, de que temos imensa presença na educação primária, mas não na superior.

Eu já contei aqui que dias atrás conversei com uma grande profissional, super premiada e que está no topo da carreira e entre as profissionais de maior destaque em sua área, no Brasil. Não é professora, é de outra carreira. Ela me disse uma frase que me atormenta desde então: "O dinheiro tem medo de mulher".

É por isso que eu junto a notícia da Valor, que compartilhei mais cedo, com essa lembrança / provocação do Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência para propor, novamente, a reflexão e a ação em torno da igualdade de gênero. Deixo um vídeo da Rita para ajudar nessa reflexão (eu sou viciada nela, gente, quase não consigo mais pensar ser referenciar Rita).

A gente não pode esperar duzentos anos, que é a previsão para resolver a desigualdade salarial de gênero (e isso nem cobre todo o problema, se pensarmos que a presença de mulheres em algumas carreiras, como a ciência, é reduzida).

É preciso que empresas invistam em times de diversidade e inclusão, para reduzir a desigualdade de gênero entre outras tantas desigualdades persistentes que nós vemos por aí.